Atividade Física nos Idosos

A maior longevidade do ser humano tem sido resultado da melhoria da sua qualidade de vida, contudo sendo o envelhecimento um processo que envolve um conjunto de perdas orgânicas e que originam um declínio gradual da capacidade funcional e da independência do Homem na fase da velhice (de referir que sendo o envelhecimento um processo heterogéneo, a  velocidade e gravidade das perdas funcionais podem ser fatores de alguma forma controlados por cada pessoa), é necessário incutir neste comportamentos saudáveis, de forma a que também ele perceba que a maior ou menor qualidade de vida, durante toda a vida e, principalmente na 3ª idade está dependente de uma atitude mais pró-ativa fisicamente.

Segundo MATSUDO, 2000 (cit. por Schveitzer, 2010) "com o aumento da idade cronológica, as pessoas tornam-se menos ativas, já que suas capacidades físicas diminuem e, com as alterações psicológicas e sociais que acompanham a idade (sentimento de velhice, stress e depressão) existe ainda uma diminuição maior da prática da atividade física, que consequentemente, facilita a aparição de doenças crónicas, agravando ainda mais o processo de envelhecimento".

Face ao exposto, em 2008 foram aprovadas as Orientações Europeias para a Atividade Física, com base nas recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), que constituiram uma referência para a adoção de medidas que visassem o aumento da atividade física. O nosso governo desde logo "assumiu a responsabilidade de promoção e generalização da atividade física (explicita na nova lei de bases da Atividade Física e do Desporto no seu nº 1 do artigo 6º),  enquanto instrumento essencial de combate a um dos fatores físicos de risco mais prevalente em todo o mundo - o sedentarismo..." (in Livro Verde da Atividade Física).

As Orientações Europeias para a Atividade Física tem como objetivo primordial operacionalizar a mensagem  de que "a atividade física regular ao longo de meses e anos pode produzir benefícios de saúde a longo prazo e que para a obtenção desses benefícios é necessário praticar atividade física semanalmente"  (in livro Verde da Atividade Física), pelo que se aconselha:

 -As crianças e jovens (6-17 anos)  devem acumular diariamente 60 minutos de atividade física de intensidade pelo menos moderada, dos quais 20 a 30 minutos devem ser de atividade vigorosa;-

-Todos os adultos (18-64 anos) devem acumular pelo menos 150 minutos por semana de atividade física moderada, 30 minutos por dia. A atividade pode ser fracionada em períodos de pelo menos 10 minutos erealizada ao longo da semana;

-Aos adultos mais idosos (> 65 anos) devem acumular pelo menos 150 minutos por semana de atividade física de intensidade moderada. Neste grupo etário, independentemente do estado de saúde a atividade física vigorosa pode representar um risco para a ocorrência de evntos cardiovasculares e risco de quedas, pelo que não é aconselhável ultrapassar o nível de intensidade moderada.

Face a estas recomendações o estado Português em articulação com os outros agentes públicos e privados da sociedade Portuguesa  adotou medidas e  foram desenvolvidos planos,  exemplo disso é o Plano Nacional da AtividadeFísica, que consiste numa ação concertada de união de esforços e se pretende que seja de grande impato e de elevada responsabilidade na prevenção do sedentarismo, melhoria das condições de vida e, de integração social e de cidadania (in Plano Nacional da Atividade Física).

No Plano Nacional da Atividade Física estão a ser dinamizados diversos planos, projetos e programas em diferentes setores, entre eles, o Plano Nacional de Formação de Treinadores, o Programa Nacional para a Marcha e Corrida, o Plano de Formação em Atividade Física dos Agentes de Saúde, o Programa de Fitnessgram, o Programa Pessoa, o Programa Nacional de Pormoção da Bicicleta e outros modos de transporte suaves, entre outros.

No que respeita ao Programa Nacional para a Marcha e Corrida, que se articula com as autarquias, a adesão tem sido bastante satisfatória e, já conta com mais de 100 municípios envolvidos, motivando assim a toda a população Portuguesa para uma prática desportiva regular e tenicamente qualificada. De referir que a maior adesão é dos municípios situados na zonas litorais, em detrimento dos localizados no interior do país, como é o caso do Alentejo, e de acordo com o referido no Livro Verde da Atividade Física " na região Alentejo, as pessoas idosas e os homens adultos apresentam, em média,valores mais elevados de atividade sedentária, do que os jovens e as mulheresadultas...", razão que pode estar associada ao facto desta região  ser um exemplo claro da dimensão do grupo etário de pessoas acima dos 65 anos com baixa taxa de escolaridade, condições sócioeconómicas menos favoráveis e que durante a sua vida pouco foi o estímulopara a prática do exercício físico.

De acordo com estudo feitos em Portugal, constata-seque no nosso pais a atitude da população relativamente à atividade física está a mudar, nas mulheres e nos homens adultos o tempo dispendido é igual ou superior ao recomendado, contudo na população idosa fica aquém do desejável. Relativamente aos jovens só os rapazes com 10-11 anos são suficientemente ativos, ficando as raparigas aquém do que é recomendado. No que concerne às diferenças entre género verifica-se uma maior prática do exercício fisíco  nos homens.

Para concluir, todo o trabalho que está a ser realizado pretende melhorar o panorama atual da atividade física em Portugal, havendo  ainda muito a fazer, pelo que as políticas e os programas de promoção física devem ter em consideração as condições dos locais (aspetos económicos, sociais, entre outros), as escolas poderão providenciar mais oportunidades para a atividade física e os meios de comunicação poderão também ter um papel fundamental na promoção ou alteração comportamental.


Dulce Pereira Correia


 

BIBLIOGRAFIA

  Livro Verde da Atividade Física,Instituto do Desporto de Portugal

  NaçõesUnidaswww.unric.org/html/portuguese/ecosoc/ageing/Idosos-Factos.pdf

 Plano Nacional de Atividade Física, Instituto do Desporto de Portugal

  Schveitzer Vanessa, Claudino Renato, A importância da atividade física durante o processo de envelhecimento, Revista digital, 2010.