O contributo e participação do idoso na sociedade
A presente reflexão debruça-se sobre o parecer do Comité Económico Social Europeu, emitido a 19 de janeiro de 2012, que apresenta um conjunto de recomendações sobre uma das questões sociais prioritárias na União Europeia, "O contributo e participação dos idosos na sociedade".
Constituindo-se o Comité Económico Social Europeu como umÓrgão consultivo da União Europeia, que representa a sociedade civil organizada, ele dá a conhecer os seus pontos de vista avalizados às principais instituições da UE (Comissão Europeia, Conselho da União Europeia, Parlamento Europeu) e fá-lo emitindo «pareceres» sobre as propostas legislativas da União Europeia, mas também elabora outros pareceres de importância vital para que se criem condições para uma sociedade mais coesa, mais solidária e mais igualitária socialmente. (in www.eesc.europa.eu consultado em 21 de maio de 2014).
"Atualmente,há 85 milhões de pessoas com mais de 65 anos na Europa, e este número atingirá os 151 milhões em 2060" (in jornal oficial da União europeia 15-01-2013), é com base nesta estimativa demográfica que o Comité Económico Social Europeu emitiu o parecer, considerando necessária e urgente a reorganização da sociedade, através de outros comportamentos tanto dos mais novos, como dos mais velhos, de programas e medidas políticas, de forma a
desconstruir a imagem negativa que tem sido associada ao idoso, uma vez que num
futuro próximo o mundo terá mais idosos que jovens.
O parecer do Comité Económico Social e Europeu de iniciativa sobre "O contributo e a participação dos idosos na sociedade" deu a conhecer de forma muito direta de como a sociedade no seu todo poderia beneficiar, em termos sociais e económicos, se mudar o seu comportamento para com os seus idosos. Apelou a diversos "atores" da nossa sociedade, com capacidade de decisão e de impacto sobre a opinião pública, tais como, os governos, as Organizações não Governamentais, os meios de comunicação, as empresas, para que todo o seu discurso e atitude fosse de valorização positiva dos idosos, reconhecimento
público de como os idosos são válidos para a sociedade, pelos seus valores culturais e como elementos fundamentais para manter e contribuir para a sobrevivência financeira dos diferentes estados.
O Comité Económico Social e Europeu através do parecer sobre "O contributo e a participação dos idosos na sociedade" vai mais além da simples sensibilização da sociedade, fez um levantamento das atividades onde os idosos poderão de forma eficaz contribuir como uma mais valia, para todos os elementos envolvidos, eles próprios, o local onde vivem e até a economia do país a que pertencem, passo de seguinte a referir essas atividades:
Voluntariado- Esta atividade contribui para conservar e desenvolver as competências e contactos sociais dos idosos que participam no voluntariado,
prevenindo o isolamento e exclusão social, em simultâneo pode servir para apoiar a comunidade onde está inserido, preenchendo assim lacunas nas áreas dos
recursos humanos.
Emprego- Os idosos contribuem com um leque diversificado de experiências e competências para o local de trabalho e paralelamente servir para a garantia de um contributo para a economia.
Economia- Considerar os idosos como potenciais consumidores (assumir aqui que existem algumas disparidades entre os país da União Europeia, a realidade económica dos idosos de hoje em Portugal, é muito diferente da realidade dos idosos de outros estados membros, por exemplo, da Alemanha, logo teremos de pensar em grupos minoritários de idosos, no nosso país), pois através do turismo, contribuem para a finanças do seu país e possibilitam a criação de emprego.
Prestação de cuidados- Considerando que num futuro próximo e de acordo com as perspetivas da evolução demográfica, a prestação de cuidados aos mais dependentes, será da responsabilidade dos idosos (porque serão estes o maior grupo etário na sociedade) o estado poderá ter um poupança considerável nos orçamentos estatais de proteção social. Assumindo-se estes indivíduos com competências e experiência adquiridas necessárias e quando não existem proporcionar oportunidades de formação, o que pode ser também uma forma de criação de emprego.
Investigação- A participação dos idosos nesta área é muito importante, porque só poderá existir investigação sobre a faixa etária mais velha se esta for incentivada a participar e a envolverem-se nas questões sobre a fase da vida em que estão.
Aprendizagem ao longo da vida- Dar a conhecer as vantagens e oportunidades da aprendizagem ao longo da vida, a todos os elementos da sociedade, como condição basilar para o desenvolvimento da pessoa ao longo da vida e que simultaneamente permitirá a inclusão social e uma participação na vida em sociedade mais eficaz.
Participação no processo decisório- O papel dos idosos é preponderante nesta questão, pois muitas das mudanças que são necessárias para reorganizar uma sociedade que terá de fazer frente a mais idosos, só serão questões prioritárias se estes estiverem mais conscientes dos seus direitos e obrigações, pois deverão ser os idosos os primeiros a ter "voz" e a exigir, mas também para isso há quecontar com o empenho das instituições e governos, que deverão saber ouvir e trabalhar em colaboração, tanto a nível local, como nacional, através da elaboração de políticas adequadas.
Em termos globais, pode-se considerar que todo o parecer elaborado pelo Comité Económico Social e Europeu, pretende que se construa uma Europa mais adaptada aos idosos, onde existam estruturas e políticas que promovam o idoso a cidadão participativo, sem descriminação pela sua idade cronológica, porque só assim a sociedade do futuro poderá ser mais igualitária, mais inclusiva, mais solidária, independentemente da idade e ter garantia de sobrevivência económica.
Dulce Pereira Correia
Bibliografia
www.eesc.europa.eu consultado em 21 de maio de 2014.
https://www.igfse.pt/upload/docs/2013/2013_C_11_04.pdf.