Idosos dependentes

O apoio social dado ao idoso, na sociedade tradicional é um realidade em "vias de extinção".

" A famíla tradicional que integrava o idoso era substancilamente diferente da família moderna. Era uma família que dependia , fundamentalmente de atividades da terra. Onde os ascendentes, descendentes e colaterais viviam geograficamente próximos, com laços de solidariedade intensos e com papéis sociais bem definidos (...) quando o casal atingia o estado de dependência (...), estabelecia-se um período de tempo, geralmente um mês, de estada em casa de cada filho. Ou então, deslocavam-se temporariamente as filhas e as noras para casa dos idosos, como objetivo de cuidar, geralmente era por um período de uma semana. Entretanto, se entre as filhas do casal uma não casara, competia-lhe, socialmente cuidar dos pais enquanto fossem vivos (...). O casal jamais se separava (...) se o casal não tinha filhos eram os restantes familiares ou vizinhos a tratarem dos idosos" (in AÇAFRA On line, nº1 /2008-Associação de estudos do Alto tejo-www.altotejo-org).

Na sociedade atual, pelas grandes modificações na vida quotidiana da sociedade, as relações sociais em famíla alteraram-se e, não é possível voltar a cuidar dos idosos como na sociedade tradicional (pelas razões já apontadas, noutras reflexões). Contudo, a grande maioria de idosos da sociedade portuguesa vivenciaram  e experienciaram processos de socialização e de construção identitária seguros, previsíveis e estáveis (sociedade tradicional) e menos diversificados do que os das gerações dos seus filhos. Por isso, o sentimento de vazio, de perda de identidade é muito maior, quando os filhos, por múltiplas razões, quer financeiras, profissionais e até pessoais (processos de socialização que vão no sentido de maior independência), não podem cuidar deles.

Segundo, Moragas (2004) " cabe aos filhos dos idosos atuais, fazerem um "esforço" suplementar, retribuindo assim aos seus pais o "esforço" suplementar que eles fizerem no sentido de compreenderem as suas necessidades de maior independência, mantendo relações intergeracionais em equilíbrio e satisfação para ambas as partes".


Dulce Pereira Correia