Os meus papéis na família
O conceito de família tem acompanhado as constantes transformações da sociedade, hoje as relações familiares e consequentemente o lugar de cada pessoa na estrutura social que é família está muito diferente, comparada com a que existia por exemplo, na geração dos meus pais.
Na minha opinião, atualmente a família apresenta-se como um espaço mais rico nas vivências de papéis sociais por cada um dos seus membros. Há alguns anos, o modelo vigente de família, na sua grande maioria estava assente no modelo patriarcal, onde o homem assumia o papel de autoridade máxima e aos restantes membros restava a submissão, independentemente das suas ideias e vontades. Os laços de afetividade entre os diferentes membros existiriam com toda a certeza, contudo a figura que o homem tinha de manter e mostrar na sociedade em que estava inserido, é que o "chefe de família" era ele. Hoje, a família está mais aberta, podemos até dizer mais democrática, há espaço para todos os seus elementos, independentemente de ser homem ou mulher, de ser criança, adulto ou idoso, todos têm um papel social, que por sua vez envolve o cumprimento de determinadas funções.
Para mim, o termo família é muito amplo e está fundamentalmente assente nos laços de afetividade, intimidade e grau de parentesco que tenho com as outras pessoas, pois faço parte de uma família numerosa, os meus pais têm cada um 10 irmãos. Contudo, a partir do momento em que casei constitui a minha própria família, que é composta por mim, o meu marido e dois filhos, de 22 e 9 anos respetivamente.
No seio da minha família todos assumimos vários papéis, que estão alicerçados por um elo comum que é o afeto, sem colocar em causa a individualidade de cada um de nós. Eu assumo o papel de mãe e mulher, o meu marido, por sua vez tem o papel de pai e marido, os meus filhos, cumprem os papéis de filhos e irmãos. Nos papéis de mãe e pai, eu e o meu marido temos várias funções, a de suporte emocional, educativo/social e económico. Ou seja, os papéis sociais de cada membro são depois desdobrados em diversas funções, que cada um desempenha em alguns casos consoante a sua maior ou menor disponibilidade de tempo, por exemplo, na questão emocional, tanto eu como o meu marido, de acordo com a personalidade de cada um, damos afeto aos nossos filhos, no aspeto educativo e social, eu como mãe tenho um papel mais ativo, acompanhando os meus filhos nos seus estudos, de forma mais intensa e promovendo a sua socialização (no que respeita ao mais novo, contudo o mesmo foi feito com o mais velho, quando criança), acompanhando-o no desporto e outras atividades que contribuirão para o desenvolvimento pleno da sua personalidade. Ainda em relação ao aspeto educativo, ambos tentamos incutir nos nossos filhos valores como a responsabilidade/integridade, a honestidade e a solidariedade, não deixando que este aspeto seja unicamente responsabilidade da escola. Na função de suporte económico, tanto eu como o meu marido contribuímos de igual forma, somos nós que através do nosso trabalho, mantemos a nossa casa, com todas as despesas inerentes e, apoiamos os filhos, principalmente o mais velho, visto que estuda fora da cidade onde vivemos.
Nos papéis de mulher e marido, também desempenhamos funções, o de companheiro(a) e amigo(a). Entretanto nos papéis assumidos pelos meus filhos, também estão implícitas diversas funções, a de cooperação e colaboração nas decisões familiares, principalmente no mais velho, relativamente ao mais novo será a de aceitação das decisões dos mais velhos. De salientar que as decisões familiares (regra geral), são discutidas e refletidas com todos os membros da família, aquilo a que eu chamo de "conselho familiar", num clima de diálogo e partilha de ideias para chegar a um consenso. Os meus filhos enquanto irmãos,
desenvolvem as funções de amigos e, no caso do mais velho para com o mais novo, de proteção, cabendo ao mais novo a colaboração com o mais velho.
Paralelamente os papéis que enumerei para todos os membros da família apresentam-se outros, o de filhos, nora, genro, irmã, irmão, tios, sobrinhos, primos e cunhados. Papéis que assumem também nas nossas vidas um valor de destaque, uma vez que somos uma família muito próxima, com laços de afetividade muito fortes. Também nestes papéis sociais são desempenhadas funções, nos dois sentidos, a de transmissão de afeto, proteção, partilha, principalmente perante os mais velhos (sogros e tios).
Importa ainda referir que os papéis sociais na família, ao longo da vida se vão alterando, passando então cada um dos membros a desempenhar novas funções.
Dulce Pereira Correia